ALIMENTOS ORGÃNICOS

São Paulo esconde entre suas avenidas e edifícios uma vocação agrícola pouco conhecida. No extremo sul da capital, o bairro de Parelheiros mantém uma produção rural ativa que desafia o conceito de metrópole puramente urbana.

A região abriga aproximadamente 400 produtores que cultivam principalmente frutas e hortaliças, segundo dados da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. O bairro preserva cerca de 20 quilômetros de estradas rurais e desenvolve uma agricultura sustentável que conecta produtores e consumidores dentro da própria cidade.

Agricultura familiar prospera a 32 km do centro

Yumi Murakami nasceu e cresceu em Parelheiros. A produtora de frutas orgânicas dá continuidade ao trabalho iniciado pelo pai e celebra a conquista de manter uma produção familiar na maior metrópole do país.

“A produção familiar dentro da cidade de São Paulo representa uma vitória. Temos o privilégio de plantar em

nossa terra a apenas 32 km do centro, com água limpa e mata preservada ao redor”, afirma Yumi.

O cultivo começou com bananas e evoluiu ao longo dos anos. Hoje, a propriedade conta com mais de 15 certificações orgânicas, resultado do trabalho sustentável da família.

Demanda por orgânicos cresce nas feiras da capital

Yumi participa das feiras livres orgânicas da capital paulista e acompanha o crescimento constante na procura por seus produtos. Os consumidores buscam cada vez mais alimentos voltados à saúde e reconhecem a diferença no sabor e na qualidade das frutas cultivadas naturalmente.

“Os clientes percebem a diferença e valorizam produtos cultivados com respeito ao meio ambiente e à tradição da agricultura familiar”, destaca a produtora.

Produção abastece restaurantes e projetos sociais

Roseilda Lima Duarte, do Sítio Bebedouro Agricultura Orgânica, cultiva hortaliças e frutas com uma atuação que ultrapassa a comercialização. A produtora abastece restaurantes, consumidores locais e destina parte da produção a projetos sociais e iniciativas de educação ambiental.

Com apoio da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo (Cooperapas), Roseilda escoa os alimentos para restaurantes e institutos voltados à produção orgânica, como Baru, Feira Livre e Chão.

O sítio também recebe escolas e visitantes interessados em turismo pedagógico. Ao final de cada visita, todos levam uma sacola com produtos frescos da propriedade.

Proximidade com consumidor final diferencia produção urbana

A localização de Parelheiros facilita a logística de distribuição e aproxima produtores dos consumidores finais. Muitos clientes moram no próprio bairro ou em regiões próximas, o que reduz o tempo entre colheita e consumo.

Luciano Santos, engenheiro agrônomo e produtor de plantas ornamentais, destaca o perfil diferenciado do consumidor urbano. “Nossos principais compradores são varejistas, paisagistas e viveiros da região. A proximidade com o cliente final representa um dos nossos principais diferenciais”, explica o produtor.

CATI oferece assistência técnica integral

A Diretoria de Assistência Técnica Integral (CATI) presta extensão rural aos agricultores urbanos com os mesmos critérios aplicados ao campo. Lucas Volpato, especialista agropecuário da CATI em São Paulo, observa que o perfil do produtor nas áreas urbanas se assemelha ao do produtor rural, mas com uma característica marcante.

“O produtor urbano tem a questão agroecológica mais enraizada. Ele já produz dessa maneira, já pensa assim. É um agricultor mais focado em mudanças climáticas e questões agroecológicas”, afirma Lucas.

Fiscalização segue mesmos padrões da zona rural

A fiscalização e os aspectos legais das produções em áreas urbanas seguem os mesmos critérios do campo. O ponto crucial consiste em verificar se o plantio está em conformidade com as regulamentações municipais.

“Não há restrições para o plantio em zonas urbanas, exceto para culturas mais restritivas, como a laranja. Em geral, a produção deve apenas respeitar a legislação vigente na cidade de São Paulo”, explica Lucas Volpato.

A Defesa Agropecuária fiscaliza as áreas cultivadas na capital com os mesmos critérios aplicados às regiões rurais. Para culturas com legislação específica, como banana ou citros, os técnicos aplicam os protocolos correspondentes.

Durante as vistorias, os fiscais verificam a presença e o uso correto de agrotóxicos, as condições de armazenamento, o uso de equipamentos de proteção individual, as receitas agronômicas e os comprovantes de devolução das embalagens vazias. A equipe também avalia o estado de conservação do solo, conforme procedimentos técnicos definidos para cada situação.


FONTE:   AGRO EM CAMPO

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